quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Pardais


Bom mesmo é ser pardal.
Vive a completa liberdade. Tem a sorte de ser feio e não saber cantar cantos que encantem o homem. Assim, vive ignorado, sossegado, sem preocupações, alçapões, perseguições.


Desejo também este sossego.
Desejo para todos os desassossegados a paz dos pardais.
Desejo mesmo sabendo que é impossível o meu desejo.
Desejo e sonho sonhos impossíveis e mirabolantes, 
já que para um desassossegado é deselegante sonhar o óbvio


Do alto dos muros eles observam o sol que deu as costas em adeus.
E logo também partirão para casa, 
E farão algazarra na copa das árvores
zombando das preocupações dos homens.


A quem serve  um pássaro que não possa voar.
Todo homem desencontrado é como o voo do pássaro que morreu na gaiola:
Tinha tanto para ser tudo mas consumiu-se na desventura do nada e existe apenas no desejo de ser. 
Existe invisível e desconhecido trancado em si mesmo.
Existe apenas para si, e existir apenas para si é só mais uma maneira de estar-se morto.

@zekrodrigues


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